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sexta-feira, 26 de outubro de 2012

O pugilista

-Dangerous game - observou o pugilista.  Eu, sem pensar muito, respondi:
-Ain't no game - depois pensei melhor e concluí - if it is indeed a game, then it takes at least two to play.
-Você tá certa.
-I´m not playing you. I´m in, all in.

Mas ele era pugilista, e suas estadias nos hotéis de Las Vegas nada tinham a ver com mesas de Texas Hold'em.  Muito mais por acaso que por  destino nos encontramos no balcão daquele bar, no meio da madrugada, com copos de whiskey vazios.  Eu perdi o que tinha em um blefe. Full hand não foi suficiente. Ele perdeu a luta. Ela tinha perdido a luta há muito tempo.

-Outra rodada de Jack Daniels, please. On the rocks para mim, caubói para ele.
Ele me contava de seu infeliz cartel de lutas, e se esquivava dos meus jabs. Tentei alguns diretos e cruzados, e aos poucos o cuidado com a guarda era esquecido.

Eu fazia piadas auto depreciativas e dizia  como fui parar ali. A verdade é que uma série de desventuras havia me levado até ali. Um ônibus desgovernado, uma longa caminhada pela 66 e uma carona desinteressante, para ser mais exata.

Mais Jack, menos Jack, ele me contou que evita bacon, mas não resiste à carne tenra e rosa de aves como eu. Decidimos sair dali e fomos os três até o elevador. Eu, o pugilista e Jack. Nós todos deveríamos ser apenas três.
  • para ler ouvindo: Black Keys - Psychotic Girl * 

*for no reason else than me picturing us making love to this song


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